Por: Juliano Cornélio – Diretor de Negócios do Setion Group

Em recente estudo apresentado pela Unidade de Inteligência e Estratégia do Sebrae Nacional, chama a atenção os indicadores que identificam o perfil da mulher empreendedora no Brasil.

Ao analisar este estudo alguns tópicos relevantes são apresentados neste conteúdo, dentre eles:

Em 2018, o Brasil foi considerado o 7ª país em proporção de mulheres Empreendedoras Iniciais, em uma escala de 49 países. Isso significa que, em relação ao empreendedorismo e geração de novos negócios entre os países pesquisados, ainda estamos entre os 10 maiores. Por outro lado, um ponto que caracteriza este perfil é que a proporção de negócios por NECESSIDADE é maior no grupo das mulheres (44% de necessidade, contra 32% no caso dos homens).

Talvez esse resultado se deva às altas taxas de desemprego nos últimos 3 anos, que vem estimulando as mulheres a ajudarem na renda familiar. Isso faz com que elas empreendam por necessidade sem perceberem as reais oportunidades de negócios, sem uma análise prévia.

O estudo mostra ainda que as mulheres respondem por 34% dos 27,4 milhões de donos de negócio (empregadores + conta própria) existentes no Brasil. As donas de negócio também são mais jovens do que os homens (média de 43,8 anos, contra 45,3 anos no caso dos homens).

Características apresentadas pelas Donas de Negócios no Brasil:

  • As Donas de Negócio têm maior escolaridade (16% maior), do que os homens;
  • As Donas de Negócio são (cada vez mais) “chefes de domicílio” (45%);
  • As Donas de Negócio, em sua maioria, têm apenas um trabalho (96%);
  • As Donas de Negócio, em sua maioria, estão há “2 anos ou mais” no trabalho atual (75%);
  • Mais de 2/3 das mulheres Donas de Negócio trabalham sem CNPJ;
  • Poucas têm sócios (19%) e, quando têm, o número de sócios é baixo (o número médio de sócios é 0,58);
  • As Donas de Negócio, em sua maioria, estão à frente de negócios com até 5 pessoas ocupadas, incluindo a dona (94%);
  • As Donas de Negócio trabalham menos horas no negócio do que os homens (18% a menos);
  • As Donas de Negócio ganham menos do que os homens (22% a menos);
  • Parcela expressiva das Donas de Negócio (25%) trabalha em casa;
  • As Donas de Negócio estão à frente de negócios de porte menor.

Em consequência desta realidade, é percebido que é mais baixa a proporção de mulheres empreendedoras (13%), uma vez que é mais alta a proporção de mulheres que trabalham por conta própria (87%) e as mulheres empreendedoras têm menos empregados que os homens.

Quando se analisa o acesso ao crédito pelas mulheres (com CNPJ), observa-se que tomam menos empréstimo (a proporção é menor e o valor médio do empréstimo é menor). Em contrapartida, de maneira negativa para o sucesso nos negócios, as mulheres empresárias (com CNPJ) pagam taxas de juros maiores, apesar da taxa de inadimplência das mulheres ser mais baixa. Com isso, percebe-se a necessidade de políticas públicas e de acesso ao crédito serem mais efetivas e justas ao público feminino.

Quando avaliamos a capacidade gerencial, as mulheres empresárias (com CNPJ) têm nível de informatização próximo ao dos homens e registram mais informações financeiras NO CADERNO, do que nas opções eletrônicas de controle dessas informações (excel/softwares/apps).

Microempreendedores Individuais (MEIs)

Para as empreendedoras, ao buscarem a formalização, o que chama atenção é que quase metade dos MEIs (Microempreendedores Individuais) que existem no país são mulheres (48%) e os negócios se destacam em atividade de beleza, moda e alimentação. Outra característica é que as mulheres MEIs trabalham mais em casa (55%). Isso se deve à necessidade de uma fonte de renda para a família.

Quando nos deparamos com o setor de beleza, comprova-se que é o setor que mais cresce no país e tornou-se, sobretudo, uma grande alternativa de oportunidades para as empreendedoras, uma vez que esse setor tem investido sobremaneira em inovação, trazendo produtos e serviços cada vez mais efetivos para os padrões de beleza.

Conclui-se, portanto que o empreendedorismo feminino vem crescendo a cada ano, ainda por necessidade, o que não é interessante, pois quando se empreende por oportunidade, as chances de sucesso no mundo empresarial aumentam significativamente. Mas por outro lado, há necessidade constante de capacitação técnica e gerencial para uma boa performance no negócio e na vida pessoal, uma vez que as mulheres possuem desafios também fora do negócio, pois a maioria administra o lar e é o chefe de família.